terça-feira, 9 de junho de 2015

Sobre a bossa de Maceió...

Sobre a Bossa de Maceió:

Tô abistuntada com a poesia de Maceió. Ela é uma daquelas cidades a beira mar onde (ainda) é possível desfrutar da simplicidade: do cheiro de maresia, dos barquinhos ancorados na areia, do pescador desembaraçando sua rede no fim de tarde, da alegria dos alagoanos, do charme do artesanato local.
A coloquialidade presente na cidade tem um tom do poeta Amado, Jorge. Por ora, tive a impressão que ele deu pitaco na bossa dali. Mas é só suposição, pode ser uma mera coincidência no cenário e nos personagens, ou talvez eu desconheça a história de lá.
 Só me pergunto, que bexiga de cidade é essa, minha gente? Ela é bubônica!
Tem mendigo nas ruas, e não são poucos, tem ambulante, feirante, artesão, turista e ametista. Tem de tudo um pouco.
Tem obra de arte a céu aberto, onde o artista dialoga com os maceioenses e com os "intrometidenses". Aquilo é surreal. Vibrante. Catarsiante.
O povo é hospitaleiro, só não mais do que o mar, o céu, a brisa de lá. Os coqueirais parecem não ter fim.
Falar em céu, o que aquilo? A cor dele confunde-se com a cor do mar. Parece inté uma piscina de borda infinita.
 Infinita também será minha gratidão por ter desfrutado do três luares que por lá passei.
Avia moço, pega uma bigú ou compra  uma passagem e se manda pra lá!
Se ficar murambudo, aperreado passa na orla, come uma tapioca, toma um banho de sal grosso, brinca nos barquinhos e  depois se joga no bangalelê pra o esqueleto balançar.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A minha "São São Paulo, tão singular e plural"

        Um dia conheci São Paulo, há mais ou menos 19 anos. Depois residi por lá, não exatamente na capital, mas próximo, muito próximo de lá. Mas foi recentemente, posso afirmar, que de fato, conheci essa bendita cidade . Dessa vez uma experiência breve, porém profunda, capaz de mexer com todos os meus sentidos, dos mais belos aos mais cruéis. E foi com a sensação de sufocamento que minha aventura começou, mas nem passando por essa situação causada pela baixa umidade do ar eu seria capaz de recuar. Por ora até achei que morreria ali, sem respirar, mesmo estando em plena praça da luz, rodeada por árvores, animais, flores, lagos e pedras, cercada de vida! Ok há um contraponto e tanto, mas era a mais dura realidade, a cidade de tão revoltada com as maldades humana expõe suas tristezas desse jeitinho, um exemplo claro é ela recusar-se a derramar se quer uma "lágrima" causando a maior seca que o estado já passou. 
           Mas a cidade é tão extasiante que deixemos de lado essas duras questões.  O  ar é renovado e purificado a cada instante por tantos encantos que o tal santo tem. Entro no metro, pela primeira vez na vida, aos 29 anos, e vejo que nada ali naquela grande metrópole, absolutamente nada pode ser tido como distante. Em questão  pouquíssimos minutos somos transportados para onde desejarmos, como num simples passe de mágica (se for final de semana, claro!). São Paulo é uma cidade onde tudo é possível. É possível sobreviver ao ar seco, a frieza das pessoas, (nem todas), conviver com o vai e vem dos carros, com o barulho constante, com as mudanças bruscas de temperatura, com a velocidade do metrô contraponto os longos e amargurantes congestionamentos, com os artistas e as artes presenteando os transeuntes. É possível até achar beleza na vermelhidão cercando o pôr do sol, mesmo sabendo que aquele fenômeno é fruto da nossa irresponsabilidade. São sim tantos pontos e contrapontos... São tantas perguntas e ali mesmo obtemos as respostas, como num caça palavras. São Paulo é o lugar onde mora o resumo do Brasil, ou melhor, do mundo. Mas é um resumo grande, desses sem revisão, sem correção, sem abreviações.
        A primeira vez que estive em São Paulo eu era uma menina, um tanto sonhadora até, mas era uma menina. Mal sabia das coisas. Da segunda vez em que retornei eu me senti mal por estar ali, a cidade parecia fria demais para mim, grande demais para eu me achar e não tinha se quer uma pitada de acolhimento do qual fui cercada a vida inteira. Eu queria sair correndo, voando. Na verdade pouco importava como eu escaparia dali, eu apenas não queria ficar. Voltar para o meu lar, para o meu universo particular que mesmo sendo  do tamanho de um pequeno bairro paulistano, era sim o bastante para mim naquele instante. A minha pequena e grande cidade  supria todas as minhas necessidades, eu não precisava estar ali, perdida, reprimida, sofrida, corrida. Eu preferia estar comigo mesma na bolha mágica que era Brejões, ao lado dos meus amores, podendo dar conta de todos os meus passos, de todos os meus lapsos. Não precisava de São Paulo, ela era incompreensível e mal me compreendia, era um verdadeiro enigma. Sendo assim, parti. Foi à melhor coisa que me ocorrerá naquele momento. A experiência foi tão traumática que só consegui voltar a São Paulo, dentre outras circunstâncias, após 15 anos desse ultimo ocorrido.

         Ah, desta vez eu já estava grande, não só no tamanho, mas grande o suficiente e transbordando de sonhos, de referencias, de experiências, de curiosidades, de anseios e, no entanto em busca de mais e mais e mais tudo o que ali eu pudesse carregar na mala, mesmo que me fosse cobrado excesso de bagagem. Eu sabia que dessa vez seria diferente de tudo o que eu já havia vivido ali. São Paulo já soava pra mim como poesia. Soava como canção. Era um corpo flutuando no ar. Era uma esquina atuando sem palco. Então entendi que mesmo só tendo quarenta e oito horas para viver tudo o que vivi não seria o suficiente, claro, mas seria o bastante nesse momento para eu recomeçar. Sim, recomeçar! Voltar de São Paulo seria para mim um infinito recomeço. 
       Estar nas Avenidas eternizadas e mais famosas do Brasil pelo poeta Caetano Veloso, a Avenida Ipiranga e Avenida São João, (tão poético), andar pela Praça da Sé e lá, eu como amante de igrejas avistar a gótica e bizantina catedral metropolitana de São Paulo, admirar a arquitetura de Niemayer, ver uma de suas belas obras como o sinuoso edifício Copan, parar em frente ao Teatro Municipal, olhar para o céu e expressar de perto o desejo mais intimo que possuo como atriz de um dia poder estar ali com as luzes da ribalta acesas e apontadas para mim era demais para a grandiosidade dos meus sonhos. Ah, aproximar-se da Av Paulista, o lugar mais badalado culturalmente em São Paulo, repleto de parques, museus e etc. Saborear o vasto cardápio regional brasileiro das palavras expressas por todos nós no museu da língua portuguesa e também ali sentir na pele o gostinho gostoso de cada palavrinha dos poemas declamados por artistas diversos, inclusive nordestinos. Usufruir da arte exposta em cada cantinho da Pinacoteca, caminhar pela estação da luz, caminhar pela praça das artes, andar de trem, olhar para cada túnel como se estivesse em uma galeria pública e acessível a céu aberto, ver pessoas completamente diferentes, particulares, controversas e dinâmicas. Ah, São Paulo! Passar pelo Ibirapuera e mesmo dentro de um carro poder sentir a brisa e o cheiro de arte que aquele lugar exala. Ai, minha querida São Paulo, tu és bela, tu és luz, tu és tudo o que todos deveriam ter, tu pode até não ser a Bahia, mas posso dizer que tu és sim singular e plural.           
        Mas eu me dera conta de que estava ali bem aos pouquinhos, talvez até ao passar dos dias, mas o importante é que me dei conta. Ainda voltarei para apalpar cada canto já explorado e para explorar todos os outros dos quais não explorei. Voltarei para confirmar se tu serás um dia o meu lar ou então voltarei apenas para ter a certeza de que tu és o antídoto que todo Ser precisa para revigorar, renascer, transbordar e “cartasear-se”!!! Tu estas aqui, em cada canto do meu corpo, tu estás em mim com um caso breve de amor, mas tão profundo, e mesmo com a brutal deslealdade do tempo, deixou de ser marcante, de ser intensa, de ser inteira. Tu estás nas minhas roupas abarrotadas na mala que mal posso desfazê-la, pois continuo esperando ansiosa por um novo voo. Tu estás em meus mais íntimos pensamentos, como algo proibido, instigante, provocante. Tu me chama a cada noite, me acorda a cada pesadelo, perturba os meus dias, as minhas horas de descuido. Tu se mete em tudo o que eu faço, como se tu fosse o protagonista de um filme de Almodóvar e queres me decifrar. Tu permeia as minhas canções, os meus horários, os meus almoços, meus compromissos. Tu és ousada e não me deixas mais em paz. Eu voltarei para teus braços, dormirei em teus telhados, ouvirei os teus sussurros e caminharei em teu ritmo, mesmo o mais apressado. Ah, minha querida “São São Paulo”, como denominou o nosso caro Tom Zé, eu voltarei para ti e antes que a morte nos separe  faço das palavras de Gonçalves Dias as minhas juras de amor: “Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá; sem que desfrute os primores que não encontro por cá”. Evoé!!!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira da dor, Maria da Graça!"





Certo dia folheando curiosamente um livro sobre filosofia encontrei essa carta descrita abaixo enviada para uma garota sortuda chamada Maria da Gloria. Esta carta foi lida e relida por mim com o intuito de entender inúmeras coisas a respeito da vida, os contratempos e os tempos que enfrentamos ao longo dos dias. O conteúdo da carta inicia-se assim:


“agora, que chegaste à idade avançada de quinze anos, Maria das Graças, eu te dou este livro: Alice no país das maravilhas. Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti. Escuta: se não encontrares um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade. A realidade, Maria, é louca”. (p.295, 1996, Mendes, Paulo Campos).


Loucura, vida, realidade, sentido, saída, chaves e manual. Essas sete palavrinhas soavam para mim como um quebra cabeça a ser montado e um mistério a ser desvendado. Superficialmente pensando, existem tantos presentes para serem ofertados a uma garota de 15 anos, na flor da idade, e essa moça torna a clássica obra de Lewis Carroll em o mais e digno presente para a ocasião. Curiosamente fui reler essa obra para tentar entender e descobrir junto com Alice e Maria da Gloria onde estavam essas chaves tão especiais.

Embarquei na loucura do autor e mergulhei no universo fantástico que tem como fio condutor uma garotinha chamada Alice, ela encontra no caminho diversos personagens e sem carruagens percorre um longo caminho até encontrar a sua essência.

A história começa com um fato bem corriqueiro, Alice em um súbito momento de tédio e curiosidade decide seguir um coelho que passa apressado e carrega no bolso um relógio. Ela desbrava o jardim de casa e persegue o coelho até cair em um profundo buraco. A queda é lenta e brusca, porém a forte Alice não se machuca. Primeira pausa, quantas vezes estamos cheios de tédio e de repente algo inusitado nos prende de tal forma e largamos tudo para seguir adiante sem se quer imaginarmos onde nos levará essa escolha? Pela lógica, sair do convencional, para muitos, significa se jogar no abismo e esse abismo muitas vezes significa o fim do poço. Pois bem, nem sempre é assim, viu desavisados? Esse poço/toca pode ser a primeira chave para “o país das maravilhas”.

Seguindo a diante para não perder de vista a linda garotinha prossigo alertando que a mesma não se machucou com a brusca queda na toca do coelho, isso mesmo, ela não se machucou, levantou rapidamente e logo foi analisar onde tinha ido parar. Assim como nós, a doce Alice deparou-se com varias portas ao seu redor e apenas uma chave. Assim como nós a mesma queria saber qual delas abrir. Escolher nem sempre é algo fácil num mundo cheio de tentações e emoções. Aiai...

Após efetivar a sua escolha Alice depara-se com o primeiro problema, a chave que ela tem é para uma porta que não passa nem seu dedinho mindinho. Isso a deixa desesperada, você logo conclui, não é mesmo? Não exatamente, Alice demonstra seu primeiro sinal de serenidade: ela encontra ali um álibi para seguir a diante: um líquido para reduzi-la de tamanho. Ai eu pergunto: quantas pessoas querem reduzir de “tamanho” na vida? Quantas pessoas abrem mão do que já possui para desfrutar de novas coisas? Isso é algo muito difícil, ainda mais no mundo em que vivemos onde quem tem mais, quem é mais forte é sempre o mais poderoso perante a sociedade. Pois sim, a mocinha toma o liquido e reduzida de tamanho passa pela porta a fora e da de cara com um belo jardim. Quando a gente pensa em reduzir de tamanho, surge logo a certeza de que o que virá adiante são coisas pequenas e sem valor, não, nem sempre é assim, ser pequeno muitas vezes é necessário, pois, só assim a gente consegue enxergar a grandiosidade que a vida tem, só assim a gente consegue olhar ao redor e ver que tem muitas outras coisas maiores que a gente. Nós somos tão “pequenos” perante as grandezas da vida!


O jardim, o mais inusitado jardim da face da terra convida Alice a desvendar seus mistérios e mudar de tamanho quantas vezes for preciso. Ela humildemente e sem pestanejar aceita tudo e continua a busca pelo coelho apressado. E nós o que temos a ver com esse coelho apressado? Olha, se analisarmos nós passamos dias e horas e horas e dias em busca desse coelho, corremos e corremos e corremos atrás desse objetivo que temos a alcançar. Corremos tanto e nem nos damos conta de quantas coisas encontramos no caminho, de quantas pessoas importantes estão nos amparando e ensinando porque temos que correr e correr para não perdermos de vista o nosso “coelho”. Parem, respirem e obsevem essas conquistas, pois se o coelho for nosso ele nos esperará mais adiante independente do quanto ficaremos ali apreciando as outras coisas. Nós o encontraremos sem pestanejar.

O que ela nem imaginava era que entrara em outro mundo. Um mundo incrível onde os animais podiam falar. Falava com rosas e outras formas animadas. Ali conheceu uma lagarta conselheira; um exército de cartas, contra o qual teria que combater; o gato alegre, sempre a sorrir, que aparecia e desaparecia; e o chapeleiro maluco. Quantas rosas nós encontramos no caminho, inúmeros exércitos para combatermos e lutarmos a cada amanhecer, aquele amigo alegre que mesmo presente e ausente, pertinho e distante existe para alegrar o nosso dia, ah o chapeleiro maluco, tão confuso, tão amigo e conselheiro sempre disposto a ajudar pequena e grande Alice: Chapeleiro, você me acha louca?

Chapeleiro: Louca, louquinha! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são.Ou seja, quem não quer um conselheiro desses? Eu tenho os meus e se conselho for bom te digo: PROCURE O SEU!

Quantas vezes acordamos e temos certeza de quem somos, mas ao longo dia mudamos de opnião: Alice retrucou, bastante timidamente: "Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento -pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então." Normalllllllllllllllllllllllll... absolutamente normal sentirmos isso. Somos volúveis mesmo, somos vuneraveis também, somos seres humanos e recheados de personas e mais personas. Porque temos que seguir em uma linha reta, tênue, quando na verdade queremos e somos tantas coisas. Afe, por isso decidi ser atriz, ser Karla só não me basta, quero ser Amelia, quero ser donzela, quero ser criança, quero ter esperança, quero dançar e cantar, pular e deitar, quero ser feliz e até mesmo chorar. Chato seria se fossemos sempre a mesma pessoa. Que bom que hoje me deito triste e amanha posso acordar absurdamente feliz! Ufa!!!

Nesse percurso mágico Alice se depara com suas próprias lagrimas trazendo para si malefícios absurdos, afinal ela estava tão grande agora a pouco e de repente encolheu de novo para pular mais uma etapa de sua jornada que nem se deu conta de que seu choro poderia afoga-la, ela diz:

Já disse isso para mim mesma diversas vezes: Gostaria de não ter chorado tanto! Parece que vou ser castigada por isso agora, afogando-me nas minhas próprias lágrimas!

Eita, nós deveríamos nos dar conta disso, não é mesmo? Lagrimas faz bem, tudo bem, lava a alma, mas às vezes cautela é de suma importância para não nos afogarmos em nossos exageros e desesperos. Talvez por isso não choro há séculos, não vou mentir que as vezes desejo uma lagrimazinha se quer percorrendo minha face, mas uma cachoeira prestes a me afundar e me anular? Ops, isso não, não! Passo sebo de cachorro nos lábios, uma Fátima nas unhas e sigo adiante!!!

Olha a baita lição de moral que esse coelho safado me deu: Alice pergunta: quanto tempo dura o eterno? O coelho responde: as vezes apenas um segundo. Verdade, um segundo é muito tempo, muitas vezes o suficiente para nos ensinar que nem tudo é para sempre, que o tempo não pode durar o tempo que nós queremos, pois tudo tem seu tempo. As histórias curtas também tem significado, assim disse o coelho para Karla Cajaiba.

Calma, calma e calma, quantas vezes precisei da calma e ela fugia de mim. Mas Alice ouviu: Ah, minha querida! Que isto lhe sirva de lição: nunca perca a sua calma! A calma é alma do negocio, entenda isso, sem calma a alma apodrece.

Penso como Alice: Como gostaria que as criaturas não se ofendessem tão facilmente
Com o tempo você se acostuma. — disse a Lagarta. Vou ser bem sincera, tá ai uma das coisas que não me acostumo, as ofensas desnecessárias que só inflamam as relações humanas, banalizando-as cada vez mais. Não concordo Largata. Nananinanão.

Alice diz: Não é que eu goste de complicar as coisas, elas é que gostam de ser complicadas comigo. Linda! Amo essa frase, de fato as coisas sempre se enrolam para meu lado... Curtos caminhos nunca foram minha primeira opção... Tentarei descomplicar os rumos do meu mar.

Ficou ali sentada, os olhos fechados, e quase acreditou estar no País das Maravilhas, embora soubesse que bastaria abri-los e tudo se transformaria em insípida realidade… Realidade, sobre a realidade costumamos dizer para nós mesmas e também para os outros que ela é dura. Quimicamente impossível afirmamos isso, afinal realidade é algo abstrato e nós não podemos mudar o sentido das coisas. Ou será que podemos e Real + idade pode muito bem significar, mudando a ordem das letras e eliminando outras, em IDEAL? Sim, pois ideal é que cada um viva a sua realidade. Então a minha real idade é viver o que me cabe nessa cidade.

Ah, falando em realidade, hoje ou amanhã você pode deparar-se com a seguinte questão: “Estou diminuindo de tamanho de novo”-disse Alice. Sim, você pode e deve diminuir de tamanho sem medo, afinal assim como a garotinha de Carroll você também encontrará cogumelos para te fazer aumentar de tamanho, nesse caso cabe a situação e a atual realidade você estar ou não maior do que deveria, cabe a ti escolher, ou não, o tamanho certo do cogumelo para não pecar na dose e sofrer as consequências a diante. Lembre-se das lagrimas exacerbadas da doce menina, elas quase à afundam. Sempre tem o amanhã, poupe, guarde-se e tudo chegará.

Alice, após sua viagem no mundo das maravilhas, voltou com a cuca fresca para tomar suas decisões, então mergulhe, se entoque, se jogue, navegue, erre, transcenda e ascenda todas as luzes do caminho porque assim fica mais fácil para encontrar cogumelos, enxergar o buraco das fechaduras, decifrar um gato, boiar em suas próprias lagrimas e assim sair ileso de uma queda de metros de altura!

Eu poderia passar horas descrevendo fatos e metáforas por ai a fora vistas e descritas no mágico mundo de Alice criado ou descrito por Carroll, mas me detenho a finalizar com alguns comentários ainda pertinentes a vida alheia. Voltando a carta ofertada gentilmente para Maria das Graças:


             “toda pessoa deve ter três caixas para guardar humor, uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa media para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos uma droga ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões”. (p.296, 1996, Mendes, Paulo Campos).


            Não gosto de livros e palavras de autoajuda, serio, não gosto mesmo, essa historinha de ler esse tipo de livro para sair da pior nunca foi meu forte, o que eu gosto mesmo é de apreciar e analisar as diversas formas de artes que são capazes de nos curar e libertar. Quando sentir-se triste, leia, pinte, cante, dance, interprete, corra mais não morra. A vida é tão bela e têm tantos gatos, coelhos, rainhas, cartas, bules, jardins, chaves e portas para apreciarmos. Escrevi demais, não foi? Juro que só mais essa frase para finalizar: “a própria dor deve ter sua medida: é feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria das Graças”.

Por que eu escolhi essa obra de arte como resposta para minhas indagações? Ah, sim claro, digo: E lá tem motivos para escolher falar sobre essa menina que vive no mundo dos sonhos, da ilusão, da diversão, da fantasia, da magia, da alegria, das encolhidas e esticadas? Claro que não! Essa obra é fantástica, darei um jeito de diminuí-la de tamanho e coloca-la no bolso para que ela esteja sempre acessivel.

domingo, 10 de novembro de 2013

O que é do bem e faz bem!!!


Gosto da simplicidade dessas pessoas, expressas nas palmas, na face, na voz e no corpo. Gosto do barro, da alegria, da verdade e da religiosidade que eles carregam. O Terno de Reis é uma festa linda, linda porque é de verdade, porque carrega em si uma crença, uma luz, brilho, esperança, espiritualidade, cores, corpos dançantes, vibrantes e acima de tudo: reais!!! Nem que seja a realidade expressa de forma cênica, mas é viva, é vísceral, é do bem e faz bem. Vale a pena conferir esse vídeo e pisar nesse terreno apaixonante do universo dos brincantes! 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Guarniando e Podriando.

Se eles não usam Black Tie eu desço do morro, abandono a greve e a todos e sigo por ai vestida de noiva. 

                                    Karla Cajaiba.

Leve como uma bailarina eu desvendo, dispenso e desmistifico todo e qualquer mistério da vida!

Ha dias trancada em meu universo particular, borbulhando e borbulhando posso a qualquer instante transbordar, renascer, ressurgir de mim mesma e voar. Observo tudo ao meu redor, as pessoas, os cheiros, as luzes, as cores, os carros, as crianças, os livros e até do vento tomo partido. O intuito é encontrar sinais, desvendar mistérios enterrados no intimo do meu ser. 
Sinto que ao mesmo tempo em que preciso de muita gente ao redor, tem outras absurdamente dispensáveis. Quero a paz, o amor, a coragem, a lealdade, a gentileza, a presteza e a certeza de apenas quem me quer bem, nada mais. Não quero beijos falsos, doces amargos, sorrisos colados. Quero comigo muitas borboletas para juntas enfeitarmos a vida e dançarmos como dançam as bailarinas que suavemente flutuam pelo espaço, sem deixar de lado as suas dores, pois elas fazem parte da batalhada vencida. 
  

                                  Karla Cajaiba.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013



Os sinais surgem assim tão de repente
que duvido da minha mente 
ter atraído esses canais
Mas não posso mais pensar
que minha vida está sem mais
eu não posso estacionar 
nessas onda deste cais
Nesse instante pego os ais 
ponho todos nos locais 
pois lá adiante tem bem mais
Sendo assim, vou remando contra os tais 
pensamentos desleais. 

                                             Karla Cajaiba

domingo, 29 de setembro de 2013

“O som aniquila a grandeza do silêncio”.

 “O som aniquila a grandeza do silêncio”. Parto dessa definição sobre o silêncio, deixada como herança pelo ator, diretor e compositor Charles Chaplin, um dos maiores e renováveis homens do cinema mundial  para registrar aqui a minha indignação pela vida barulhenta que nos é imposta na sociedade atual, capitalista, mercadológica e fútil. Minha indignação parte do principio de que todo ser humano merece respeito. Todos nós temos direitos e deveres. Um desses direitos é o de usufruirmos do silêncio. Existem diversas leis espalhadas pelo país onde trata dessa questão perturbadora e que atinge milhares de brasileiros, sendo diariamente importunados pelo barulho alheio. Essas leis que aqui e acolá de nada servirá. Pois, essas benditas leis existem no papel, pois sou testemunha disso em carne e tímpano. Afinal, estou enfrentando essa saga do barulho salgado há meses. Denuncia aqui, denuncia ali e nada é resolvido. Já vimos recentemente nos noticiários vidas sendo tiradas por problemas entre vizinhos e a falta de respeito entre eles. Sabemos que existe um telefone para ligarmos a qualquer hora do dia e da noite para efetuarmos a denuncia e assim os intrusos serem punidos e multados. Pois, vos digo, na pratica nada disso é digno. Hoje após uma maratona de abuso sonoro percebi que a intrusa aqui sou eu. Que ou os outros vizinhos são surdos ou eu tenho uma sensibilidade absurda para ouvir o tal barulho, ou bagulho, afinal as músicas trazem em si “letras”, (se é que essas existem), de baixo escalão e de repudio. Sou diariamente invadida por essa baixeza, sendo meu sentimento repleto de tristeza ao deparar-me com tal situação. Sinto vergonha alheia, não pelo gosto musical, (quem sou eu para julgar a apreciação musical dessas criaturas), mas por serem seres humanos desprovidos de sensibilidade, de caráter, de consideração e acima de tudo respeito. Eles são incapazes de pensar no próximo, satisfazem-se acreditando que estão no direito de ouvir o som na altura que quiserem. E pode crer, nem lembram que ao redor existem outras pessoas que não compartilham de seus desejos. Sinto-me roubada, atordoada, entulhada, amedrontada, acuada e invadida dentro de meu próprio lar. Encontro-me diversas vezes refém e vitima dessas pessoas. Meu silêncio é roubado a cada amanhecer, a cada entardecer e anoitecer. É uma incógnita o momento em que terei paz aos meus ouvidos. O silencio é necessário na vida, faz bem para a alma, acalma, ampara. Nós já somos repelidos diariamente pelos sons de carros, de maquinas, de pessoas comunicando-se umas com as outras, o barulho das televisões que insistem em manter-se ligadas impedindo que escutemos mais ao amigo ao lado, ainda tem o barulho da buzina, o som da esquina e tantos outros. Porém esses sons já estão embutidos em nosso organismo, já estamos mais acostumados a ouvi-lós, a absolvê-los. Recentemente assisti ao filme O Som ao Redor, onde aborda questões como essa, um mãe de família que é atordoada em sua casa pelos latidos constates do cachorro do vizinho. Bia faz de tudo para livrar-se da situação, ela cria artifícios para afastar o barulho infernal produzido pelo cão, mas não tem muito êxito. Assim sou eu, diariamente a criar artifícios para combater o tal Som ao Redor, apropriando-me de travesseiros, tapa ouvidos, lacra vidros, CDs, dvs, mantras e até orações. Mas, confesso de nada adianta, só me resta seguir o velho e verdadeiro ditado popular: os incomodados que se mudem! Assim farei, juntarei meus cacarecos e partirei para um boteco, mas aqui não ficarei.




Minha trupe de sentimentos sobre a arte circense!

Outro dia uma amiga me perguntou o que eu sabia sobre os palhaços. Eu prontamente respondi: Odeio palhaços! Ela se assustou e ao mesmo tempo me perguntou o que eu sabia sobre eles, eu respondi que nada, que não era um assunto que me instigava e que nunca me interessei em pesquisar. Ela quis saber como eu formada em teatro não sabia nada a respeito desse gênero, logo me senti envergonhada e também preconceituosa, afinal o artista, mesmo que não goste de algo, deve sim obter informações a respeito de determinados assuntos, pois quem sabe um dia podemos precisar desse acervo memorial para algo efetivo. Enfim! Conversamos a respeito dos “caras pintadas” e nesse mesmo instante lembrei-me de um espetáculo que me chamou muita atenção há alguns anos em Salvador e o que eu havia escrito a respeito, o nome é O Sapato do Meu Tio.   O espetáculo trás em cena dois palhaços, o tio e o sobrinho. O tio ensina para ele sobre a arte circense. Ambos vivem na miséria, embora o tio ostente orgulho por um passado de fama e glória, do qual só restam os velhos cartazes. Os dois vivem como nômades, viajando de cidade em cidade, apresentando um simples espetáculo. O tio cada vez mais angustiado por não conseguir manter-se e ao sobrinho dignamente com seu trabalho, perde a estabilidade emocional por constatar a decadência de seu desempenho traduzida na diminuição dos aplausos e do publico crescente. No palco os interpretes vivem momentos de angústia, dor, alegria, tristezas, risos e lágrimas.  A linguagem é gestual, acompanhada de sons ininteligíveis. Na maior parte do tempo eles não expressam suas ideias verbalmente e quando o fazem, também não falam qualquer língua conhecida, comunicam-se através da blablação. Artes circenses, pantomima e habilidade como patinar, andar com perna-de-pau, truques de bater e apanhar, entre outros são os recursos utilizados na montagem do espetáculo.  Além dessas descrições visuais sobre o espetáculo eu também expus minhas impressões emocionais: A peça o sapato do meu tio é emocionante, como nunca tinha visto antes. Ela é capaz de nos tocar e nos fazer perceber como as coisas simples também têm sua beleza. O Sapato do meu Tio encanta por sua forma de criação simples e realista. O enredo trata da luta pela sobrevivência de um palhaço e seu sobrinho aprendiz através da arte. Ao ler sobre o que eu havia escrito sobre um espetáculo que traz em cena dois palhaços, lembrei-me de como sai do teatro aquele dia, encantada e maravilhada com o universo do clown, como os palhaços transmitem, sem esforço, suas emoções e como tudo aquilo era real por mais teatral que parecesse. Lembrei também dos palhaços que conheci na infância e do quanto eles eram catastrófico e criaram em mim uma barreira absurda ao ponto de me cegar por anos e anos e deixar de lado uma arte tão bonita de ver. O palhaço nunca mais será visto por mim de canto de olho, sempre estarei disposta a encara-lo frente a frente, permitindo reverenciar sua ingenuidade, fragilidade, lirismo e romantismo. O verdadeiro palhaço é capaz de nos roubar um sorriso, de fazer das nossas lagrimas um rio de emoção, de encher nossos olhos de brilho e colorido e trazer o seu coração expresso no vermelho grudado na ponta do nariz, de vestir-se com farroupilhas divertidas e abundantes e de nos entreter com um simples piscar de olhos, olhos da alma carregados de sensibilidade e amabilidade. Ah, já vi que não foi do nada que expus aqui minha ignorância a respeito do assunto, notei que como artista tenho algo em comum com os palhaços já que eles nunca representam, eles simplesmente são, estão sempre em sua essência e expondo o seu ridículo, por pior que ela seja. Aqui no blog também necessito dessas características, pois estou sempre dando a cara para bater e expondo meu olhar sobre o mundo. Sigo por aqui com minha trupe de sentimentos e um desejo absurdo de apreciar essa arte mais de perto, deixando de lado minha visão grotesca dos verdadeiros artistas circenses!!! 






sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Inspiração





Quando falta inspiração me corta o coração
fico a buscar na emoção
uma ação para meu pão. 

Karla Cajaiba

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Semente

Dentre tantos entres
deparei-me com a semente
foi assim tão de repente
suavemente eu gritei
entre a mente e a não mente
fico aqui suavemente percorrendo essa canção. 


                                                    Karla Cajaiba

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Um museu para encantar, até mar eu vi por lá!

Museu da gente Sergipana, esse é o nome do bendito lugar onde se conta e reconta as grandes histórias do menor estado brasileiro e até do lindo mar. Custei a visita-lo, já tinha ido a São Cristovão, Laranjeiras e Itabaiana, mas logo ali, tão pertinho eu não havia estado para poder me alegrar. Pois bem, tudo tem seu tempo. Cheguei ao museu com os minutos contados, uma sensação estranha de que eu precisava me apressar, assim como uma obra de arte requer tempo para aprecia-la  também seria naquele lugar. Decidi então curtir cada “brinquedo” sem olhar para o relógio as horas contar. Relaxei e comecei a brincar. Logo ali estava, uma feira montada em uma barraca nada pacata disposta a ludibriar. Mas, não era uma feira qualquer, estática e decorativa com os principais artesanatos e iguarias, prostrados aos olhos do publico, ali estava um vendedor pronto para interpelar e extrair de ti as mais esdrúxulas necessidades com um só objetivo: “uma moeda lá deixar”. Tem babosa pra cabelo, uma corrente pra espelho, uma dose de desejo e um amor para comprar. Foi assim que conheci seu Zé, o vendedor da feira da gente disposto e divertido querendo me alegrar. Sigo adiante e me deparo com um gigante, um espelho num lugar. Não, ele não ia contar para mim a estória da bela adormecida, não ia sair dali um homem a me dizer “não minha rainha”, logo entendi que existe sim alguém mais bonita do que eu, nem precisava perguntar: e daí que foram surgindo a rainha, a pastorinha, o bumba meu boi e Iaiá e muitos outros a dançar. Mas, uma coisa era preciso eu precisava me movimentar. Comecei a dar pulinhos e também a me agachar, as imagens logo assim roubavam meu lugar. Suei até cansar. Um microfone, em uma salinha me atraiu para cantar. Entrei apertadinha com os amigos de cá. As imagens ali surgiam e eu estava disposta a gritar. Num só fôlego eu contei a história de Catirina e pai Francisco para o povo escutar. Depois fui mostrar como a genética é forte e pode até perpetuar. Joguei-me foi no repente com o moço do outro lado, numa tela a rimar. E assim eu descobrir que até diversidade havia por lá. Num barquinho de madeira me sentei, e os olhos atrevidos juntaram-se aos ouvidos e não queriam sair de lá. Tinha pássaro, tinha mato, tinha areia e aruana dispostos a me ensinar. Até receita eu encontrei para assim deliciar. Num joguinho de macaco um cubo era jogado e assim como um tablado o cinema aparecia e ali eu aprendia sobre a reza do meu dia e o quanto ali se via uma gente a orar. A memória estava cheia, mas ali ainda cabia um cadinho de brincadeira para as caixinhas eu lembrar. As praças tinham nome e até os cavalinhos estavam ali para falar. Num labirinto do meu dia só me resta à cantoria que agora pela vida num deixará de me encantar. Viva o museu da gente sergipana. Ali eu ainda ei de voltar!!!










domingo, 22 de setembro de 2013




Aprendendo a Aprender

Aprendendo a florescer 

Resgatando meu saber 

Recebendo todo ser


                                         Karla Cajaiba

Ué, será que os "personagens" de Hopper estavam a esperar Godot?



“Esperando Godot” é uma peça escrita em 1952, por Samuel Beckett. A peça trata de diversos temas um deles é o conflito humano. Vladimir e Estragon dois vagabundos estão à espera de Godot. Eles estão à beira de uma estrada deserta, junto a uma árvore solitária.  Enquanto esperam Godot os dois vivem os mais diversos conflitos humanos, a solidão, a falta de esperança e de comunicação, o medo da morte, o poder, o silêncio, a relação com o tempo, etc. Todos esses conflitos são causados pela espera de alguém que ao menos sabem quem é, e que nunca chega.
Estragon diz “Nada acontece, ninguém vem, ninguém vai, é terrível”. (p. 83). O tempo passa lentamente, parece não se mover. Vladimir e Estragon estão anestesiados pela espera. Os dois procuram preencher o tempo com pequenas ações continuas. São essas pequenas ações que permitem eles se sentirem vivos.  É essa espera que preenche a vida deles, e ao mesmo tempo por não saberem quem é Godot e o que acontecerá quando ele chegar sentem medo dessa espera.
A relação entre Vladimir e Estragon é uma comunhão de vazios, eles estão ligados um ao outro, o teórico Flavio Rangel diz que eles podem ser face de uma mesma pessoa. Os dois têm os mesmos objetivos, esperar Godot. Apesar da necessidade do outro eles não sabem conviver, ao mesmo tempo em que querem se separar querem estar perto. Estragon diz “Não me toque! Não pergunte nada! Não fale nada! Fique comigo!”.
Godot seria uma metáfora para a sociedade, afinal todos nós estamos sempre esperando algo. Muitas vezes nem sabemos ao certo o que esperamos, mas cá estamos sempre em busca do nosso Godot.
Godot pode ser um emprego, um companheiro, um amor, um filho, um amigo, uma casa, uma viagem ou uma aquisição qualquer. A espera traz consigo uma série de problemas. Quando esperamos ou vivemos em função de algo como na situação de Vladimir e Estragon, ficamos ansiosos, preocupados, estressados, porque nós passamos por modificações físicas e psicológicas. A espera pode causar inúmeras consequências no ser humano como a inércia, a depressão, o mau humor, a ansiedade, a tristeza, a euforia e etc.
 Passamos tanto tempo a esperar Godot mesmo sem sabermos como é seu rosto e se quer seu verdadeiro nome, que esquecemos de viver a vida, dia após dia. A gente transforma cada amanhecer em uma espera constante desse ser ou desse ter. Por isso, assim como os dois personagens de Beckett, estamos mais tempos anestesiados pela espera do que vivenciamos o que temos a nossa frente. Quando na verdade precisamos nos dar conta de que a Godot pode não vir, pode não existir ou pode simplesmente estar ao nosso lado, bem pertinho e isso passar despercebido pela nossa cegueira e ansiedade de olhar par o mundo e para as pessoas de forma superficial e desatenta.

 A peça Esperando Godot, é uma incessante espera, é o desejo de renovação, é a esperança de dias melhores, de um mundo melhor e mais justo. Com tantas possibilidades de leitura o texto nos leva a diversos caminhos como alguns que citei acima, mas o que mais me chamou atenção é o comportamento humano diante da espera, principalmente pelo fato de não saber ao certo o que de fato está esperando, a imobilidade dos personagens, a escravidão que a espera causa neles. Apesar de não ser Teatro Realista, mas sim Teatro do Absurdo, é possível nos identificarmos com o conflito da peça. Esperando Godot, não segue uma lógica linear, não tem um começo, meio e fim. O monólogo de Lucky retrata essa desordenação: “Dada à existência tal como se depreende dos recentes trabalhos públicos (...)“ (p. 85). Esperando Godot é um clássico, é um texto indispensável para quem estuda o Teatro do Absurdo. A riqueza das falas e mistura de gêneros como a Comédia dell’Arte, os bufões da Idade Média, as personagens cômicas shakesperianas, o surrealismo, o Claw, estão presentes do inicio ao fim, enriquecendo ainda mais sua dramaturgia. Beckett sem dúvida é um grande trágico do século XX, pois descreve o absurdo da condição humana como ninguém. Por fim uma curiosidade e uma possibilidade, será que os "personagens" de Hopper estavam a esperar Godot?

Um brinquedo para alma.

As vezes é preciso entregar-se, vivenciar o luto, a dor, a saudade. Permitir que a vida arraste-nos pelos caminhos mais tortuosos, mais tensos e dramáticos. Uma hora o susto bate e você estará livre para voar e seguir adiante, fazendo das tuas dores um brinquedo para alma.








                                                                                         Karla Cajaiba


É preciso rezar, é preciso ter fé, para quem sabe se encontrar...


Um vazio
cheio de saudade
uma saudade vazia que vem lá do mar
já não basta a idade que vem da cidade
os barcos dançando nas ondas do mar
o mar escapando do barulho do vento
o vento insiste em cantar
deixando-me navegar.

Após um traço,um lapso, um laço Hoppiano transformei-me num oceano de paz!









A primeira vez que olhei para um desenho de Edward Hopper lembro-me do quanto aquela imagem me surpreendeu. Traços quase precisos, luzes um tanto reais, sombras que falam, olhares perdidos denunciando a mais densa solidão. O quadro ficava exposto no corredor da casa de minha tia. Eu passava por ele e ficava encantada, pensando o quanto aquele quadro falava. Ela havia me explicado as características do artista e sempre que eu me deparava com as obras de Hopper logo me lembrava daquele primeiro contato. Recentemente a vi ilustrando luminárias que estão a venda na loja de decoração Home Design. De imediato, não lembrava o nome de Hopper, mas lembrava das sensações deixadas por suas obras em minha memoria.
Hopper ilustra de forma precisa a solidão e estagnação humana perante a vida. Seu traços são impactantes. O ser humano e a solidão estão presentes e vivos em quase  todas as suas pinturas. Ao depararmos com essas imagens percebemos um silêncio e um vazio perturbador, a falta de comunicação entre os seres, a cidade imóvel, ora um olhar perdido e congelado em direção ao horizonte, ora as pessoas aparecem fazendo ações cotidianas, mas afogadas em si mesmas.
A luz presente nos traços de Hopper ultrapassa a fotografia e traduz a realidade. As sombras, as fumaças, as ondas do mar, os reflexos das lâmpadas, as nuvens, tudo isso parece estar em movimento. A luz mesmo sombria é viva e é através dela que toda atmosfera silenciosa e introspectiva se manifesta e se traduz.
Hopper mostra em seus traços o quanto nós podemos ser sós mesmo estando acompanhados, o quanto precisamos do silencio, o quanto a reflexão é importante e até inerente a humanidade. Hoje nossos olhos estão sempre fitados no horizonte, porém esse horizonte muitas vezes é a tela de um computador, o outro não está mais ao nosso lado fisicamente, como nos quadros de Hopper, mas sim virtualmente e mesmo através da comunicação digital percebemos no fim que estamos sós e num silêncio constante em busca de nosso eu, ou de nossos eu’s.
 Que os horizontes se tornem mais reais, que a nossa sombra reflita mais paz e que os nossos olhos enxerguem mais e mais. Após um traço,um lapso, um laço Hoppiano transformei-me num oceano de paz!



sábado, 21 de setembro de 2013

150 TEXTOS DRAMÁTICOS FUNDAMENTAIS PARA A FORMAÇÃO DE UM ALUNO DE ARTES CÊNICAS

por Celso Jr

1. Orestéia: Hagamêmnon, Coéforas e Eumênides – Ésquilo
2. Prometeu acorrentado – Ésquilo
3. Édipo Rei – Sófocles
4. Antígona – Sófocles
5. Medéia – Eurípides
6. Hipólito – Eurípides
7. As troianas – Eurípides
8. As aves – Aristófanes
9. Lisístrata – Aristófanes
10. Os dois Menecmos – Plauto
11. Aulularia (A comédia da panela) – Plauto
12. Hécira (A sogra) – Terêncio
13. Fedra – Sêneca
14. Auto da barca do inferno – Gil Vicente
15. A vida é sonho – Calderón de La Barca
16. Fuenteovejuna – Lope de Vega
17.
Dr. Fausto – Christopher Marlowe
18. Volpone – Ben Jonson
19. Hamlet – Shakespeare
20. Otelo – Shakespeare
21. Macbeth – Shakespeare
22. Rei Lear – Shakespeare
23. Romeu e Julieta – Shakespeare
24. Ricardo III – Shakespeare
25.
Henrique V – Shakespeare
26. Comédia dos erros – Shakespeare
27. Sonho de uma noite de verão – Shakespeare
28. Noite de reis – Shakespeare
29. Alegres comadres de Windsor – Shakespeare
30. A mandrágora – Maquiavel
31. Escola de mulheres – Molière
32. Médico à força – Molière
33. As preciosas ridículas – Molière
34. O avarento – Molière
35. O doente imaginário – Molière
36. Dom Juan – Molière
37. Fedra – Racine
38. O Cid – Corneille
39. O triunfo do amor – Pierre Marivaux
40. Arlequim – servidor de dois amos – Carlo Goldoni
41. As bodas de Fígaro – Beaumarchais
42.
Escola de maledicência – Richard Sheridan
43. Mary Stuart – Schiller
44. Fausto – Goethe
45.
A dama das camélias – Alexandre Dumas
46. Juiz de paz na roça – Martins Pena
47. Quem casa quer casa – Martins Pena
48. As desgraças de uma criança – Martins Pena
49. Lição de botânica – Machado de Assis
50. O inspetor geral – Nikolai Gogol
51. Casa de bonecas – Ibsen
52. Espectros – Ibsen
53. Peer Gynt – Ibsen
54. Senhorita Julia – Strindberg
55. O pai – Strindberg
56. Dança da morte – Strindberg
57. O sonho – Strindberg
58. Os pequenos burgueses – Gorki
59. A gaivota – Tchekhov
60. As três irmãs – Tchekhov
61. Tio Vânia – Tchekhov
62. O jardim das cerejeiras – Tchekhov
63. O pedido de casamento – Tchekhov
64. O males provocados pelo tabaco – Tchekhov
65. O pássaro azul – Maeterlinck
66. O despertar da primavera – Frank Wedekind
67. Lulu – Frank Wedekind
68. Ubu-Rei – Alfred Jarry
69. A importância de ser prudente – Oscar Wilde
70.
Cyrano de Bergerac – Ronstand
71. Baal – Bertolt Brecht
72. Galileu Galilei – Bertolt Brecht
73.
O mendigo ou O cachorro morto – Bertolt Brecht
74. A alma boa de Setsuan – Bertolt Brecht
75. Aquele que diz sim – Aquele que diz não – Bertolt Brecht
76. Seis personagens à procura de um autor – Luigi Pirandello
77. Desejo – Eugene O’Neill
78. Calígula – Albert Camus
79. O zoológico de vidro – Tennessee Williams
80. Um bonde chamado desejo – Tennessee Williams
81. A morte do caixeiro viajante – Arthur Miller
82. As bruxas de Salém – Arthur Miller
83. Nossa cidade – Thornton Wilder
84. A cantora careca –Eugène Ionesco
85. O rinoceronte – Eugène Ionesco
86. A lição – Eugène Ionesco
87. Esperando Godot ­– Samuel Beckett
88. Fim de partida – Samuel Beckett
89. Ato sem palavras – Samuel Beckett
90. Vai e vem – Samuel Beckett
91. A visita da velha senhora – Dürrenmatt
92. O balcão – Jean Genet
93. O arquiteto e o imperador da Assíria – Fernando Arrabal
94. Fando e Lis – Fernando Arrabal
95. Guernica – Fernando Arrabal
96. O rei da vela – Oswald de Andrade
97. A moratória – Jorge Andrade
98. Auto da Compadecida – Ariano Suassuna
99. Eles não usam black-tie – Gianfrancesco Guarnieri
100. Morte e vida severina – João Cabral de Mello Neto
101. Dois perdidos numa noite suja – Plínio Marcos
102. Rasga coração – Oduvaldo Viana Filho (Vianinha)
103. Pluft – o fantasminha – Maria Clara Machado
104. Vestido de noiva – Nélson Rodrigues
105. Álbum de família – Nélson Rodrigues
106. Senhora dos afogados – Nélson Rodrigues
107. O beijo no asfalto – Nélson Rodrigues
108. Toda nudez será castigada – Nélson Rodrigues
109. Os sete gatinhos – Nélson Rodrigues
110. A falecida – Nélson Rodrigues
111. Boca de Ouro – Nélson Rodrigues
112. Viúva, porém honesta – Nélson Rodrigues
113. Look back in anger (Geração em revolta) – John Osborne
114. A volta ao lar – Harold Pinter
115. Traição – Harold Pinter
116. A história do zoológico – Edward Albee
117. Três mulheres altas – Edward Albee
118. Saved – Edward Bond
119. Insulto ao público – Peter Handke
120. O menor quer ser tutor – Peter Handke
121. Marat/Sade – Peter Weiss
122. O marinheiro que perdeu as graças do mar – Yukio Mishima
123. O templo do pavilhão dourado – Yukio Mishima
124. Roberto Zucco – B. M. Koltés
125. Tango – Slawomir Mrozéck
126. Os alpinistas – Osvaldo Dragún
127. Medeamaterial – Heiner Müller
128. Hamletmáquina – Heiner Müller
129. Descrição de uma imagem – Heiner Müller
130. Longe demais – Caryl Churchill
131.
Cara de fogo – Marius Von Mayenburg
132. Shopping and fucking – Mark Ravenhill
133.
Um amor de Fedra – Sarah Kane
134. Psicose 4.48 – Sarah Kane
135. Rosenkrantz e Guildenstern estão mortos – Tom Stoppard
136. Simplesmente complicado – Thomas Bernhardt
137. Memória da água – Shelagh Stephenson
138. A prova – David Auburn
139. Suburbia – Eric Bogosian
140. Atentados – Martim Crimp
141. Budro – Bosco Brasil
142. Novas diretrizes em tempos de paz – Bosco Brasil
143. Intensa magia – Maria Adelaide Amaral
144. Fulaninha e D. Coisa – Noemi Marinho
145. Nada será como antes – Claudio Simões
146. O cego e o louco – Cláudia Barral
147. Bolero – Paulo Henrique Alcântara
148. Entropia – Rodrigo Nogueira
149. A dona da história – João Falcão
150. A estrela do lar – Mauro Rasi


Bonito de ver, ouvir e viver!


Elena e os cegos de minha vida...





Elena e os cegos de minha vida...


Aos 17 anos fui apresentada ao universo de José Saramago. Tudo parecia confuso, uma linguagem, ate então, inusitada para mim. Pensei em recuar, mas continuava a ler cada palavra de “Memorial do Convento”. Deliciava-me a cada página. Convivi dias com Baltazar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas, numa história de espiritualidade, de ternura, de misticismo e de magia. Minha paixão pelo autor virou vício e foi assim que conheci “Ensaio sobre a cegueira”. Fiquei perplexa e abalada, me entregava no sofá de casa, chorosa e pensativa. Minha tia pedia para eu parar de ler e se culpava por se dar conta de que aquele podia não ser o momento ideal para tal leitura, tão forte, profunda e um tanto complexa. Mas eu não desisti, chorava a cada página, respirava, recuperava o fôlego e seguia. Criei para mim uma metáfora daquela estória, (ou seria mesmo uma história?). Associei tudo àquilo ao que eu estava vivendo naquele instante. Uma menina nascida e criada na cidade do interior, cercada de carinho, amor, zelo, vizinhos e amigos. Cercada por pequenos conflitos sociais, (além dos políticos, é claro, esses são difíceis em qualquer lugar desse país). De repente se depara com uma sociedade cruel, abarrotada de informações e cobranças diárias, não mais aquelas cobranças provenientes da idade, mas sim uma luta acirrada para sobreviver. Me dei conta que dali em diante não existia mais vida como antes e que naquele instante a guerra começaria. Um tanto cruel minha comparação, mas se racionalizarmos é bem isso. (Óbvio que bons momentos existem, mas a vida não é feita apenas de oba oba e comidinha na mesa). Saramago acabará de descrever o que eu enfrentaria dali para frente: Uma cegueira coletiva, onde poucos, ou raras pessoas se veem e se respeitam. Minha vida adulta estava apenas começando e eu estava sendo privilegiada de ganhar aquele manual de boas vindas à maturidade. Os anos passaram e a vida seguia, as imagens do livro percorriam meus pensamentos como algo corriqueiro, como acordar e escovar os dentes, se alimentar, tomar banho. Enfim, não esquecia cada imagem criada ao ler aquelas páginas. Eram imagens tão fortes e importantes para mim, às imagens eram orgânicas, não se diluíam. Quando de repente surge o filme “Ensaio sobre a cegueira”. Decidi que não assistiria. Para mim as imagens que eu tinha armazenado ao ler o livro já eram suficientes para prosseguir. No ultimo domingo fui ver o filme sobre a história de uma atriz que sonhava em ser artista de cinema. Uma história tão dramática e caótica da vida de um ser que apenas quer ser. Aquilo me tomou de um jeito, me tirando o fôlego, o ânimo e a esperança. Aquele filme me encheu de culpa, até as antigas vieram à tona, as novas decidiram se manifestar e os meus dias foram ficando pesados, tristes e tensos. Elena estava dentro de mim. Não, mas eu não podia carrega-la também, os cegos de Saramago já estavam aqui, não havia mais espaço para outro ser. Definitivamente Elena precisa partir. Petra também junto com sua mãe. Era muita gente, muita culpa, muita sombra para eu dar conta. Mas o que fazer? Tem dez anos que os cegos estão aqui, dentro de mim, penso neles, me indigno com as atitudes e crueldades, me emociono com eles, procuro ver a beleza que eles viram, que experimentaram, mas com Elena seria diferente, dessa vez não, eu não ia dar espaço para conviver com ela. Cheguei em casa após uma aula, onde Elena, mais uma vez em menos de uma semana, era assunto para mim e pensei: Hoje ela vai embora, não preciso guarda lá aqui. A única forma de tira lá de mim era reforçar a imagem dos cegos de Saramago. Decidi então que juntaria as minhas imagens e as do filme e eles ganhariam mais espaço em meus pensamentos, eles ficariam mais presentes em mim e Elena iria embora, desse jeito, bem sutil, nem precisaria expulsa la, ela partiria se dando conta de que aqui não havia mais espaço. Deitei-me no sofá, liguei a TV e dei play naquele filme gravado há pouco mais de um ano. Eu precisava recompor minhas imagens, ver o rosto daquela mulher, a única que enxergava em meio aquele caos e devaneio de Saramago. Ela era quem ia por para fora a tal Elena, a intrusa viera me perturbar minhas noites e os meus dias. E assim a cada gesto daquela mulher, a cada olhar, eu pensava: isso tudo já é suficiente para mim. Mas foi ai que tudo começou. Elena deixa de ganhar espaço para Petra penetrar meus pensamentos, olhava para o filme e Petra vinha a minha frente, pensei: devo ser louca ou estar louca, o que Petra tem a ver com isso agora? Lembrei que hoje eu soube o significado de seu nome e que aquilo havia mexido comigo e dado força para ela também penetrar meus pensamentos: rocha, pedra esse é o significado, o que explica muito de sua personalidade, nada frágil por sinal. Saramago também criou sua Pedra/Petra. Aquela mulher, a única que enxergava. Petra também foi à única que enxergava o mundo e as coisas ao seu redor. Porque a mãe fechou os olhos, Elena só enxergava a si própria, ou melhor não enxergava nem a ela mesma. Ela estava afogada demais em seus devaneios para ver quanta vida existia. A mulher de Saramago era doce, era leve, era amável. Acolheu a todos. Perdoou uma traição. Petra também se acolheu, Petra também se amou e segurou a barra da mãe. A mulher de Saramago foi tão forte, tão brava, tão serena que trouxe a visão de volta para os outros, ela devolveu a visão a cada um deles, mostrando que os olhos estão além da alma. Petra trouxe para o mundo a sua dor transformada em superação através da arte. Petra encanta a cada um de nós, pobres mortais com a beleza de ser leve e de amar! As mulheres, todas elas se fundiram em uma só, não tinha mais espaço para denominações, então decidi abortar os nomes e ficar com a imagem e a força que elas possuem. Eu descobri que sempre há espaços dentro da gente para mais sentimentos e também para dores. Petra e sua família saiu do meu estomago e seguiu para meus pensamentos junto aos cegos e a mulher de Saramago. Descobri que digeri la podia durar anos e que isso poderia me causar um mal estar constante. Ela em meus pensamentos torna-se mais leve, mais doce. Sinto-me mais serena e mais tranquila de que nada é definitivo. Nem precisa, pois tudo é um ciclo que gira e que volta, que dói e se cura, que entra e que sai, que permanece e encanta. Estou entulhada de imagens/ação!!! Ufa.