domingo, 22 de setembro de 2013

Após um traço,um lapso, um laço Hoppiano transformei-me num oceano de paz!









A primeira vez que olhei para um desenho de Edward Hopper lembro-me do quanto aquela imagem me surpreendeu. Traços quase precisos, luzes um tanto reais, sombras que falam, olhares perdidos denunciando a mais densa solidão. O quadro ficava exposto no corredor da casa de minha tia. Eu passava por ele e ficava encantada, pensando o quanto aquele quadro falava. Ela havia me explicado as características do artista e sempre que eu me deparava com as obras de Hopper logo me lembrava daquele primeiro contato. Recentemente a vi ilustrando luminárias que estão a venda na loja de decoração Home Design. De imediato, não lembrava o nome de Hopper, mas lembrava das sensações deixadas por suas obras em minha memoria.
Hopper ilustra de forma precisa a solidão e estagnação humana perante a vida. Seu traços são impactantes. O ser humano e a solidão estão presentes e vivos em quase  todas as suas pinturas. Ao depararmos com essas imagens percebemos um silêncio e um vazio perturbador, a falta de comunicação entre os seres, a cidade imóvel, ora um olhar perdido e congelado em direção ao horizonte, ora as pessoas aparecem fazendo ações cotidianas, mas afogadas em si mesmas.
A luz presente nos traços de Hopper ultrapassa a fotografia e traduz a realidade. As sombras, as fumaças, as ondas do mar, os reflexos das lâmpadas, as nuvens, tudo isso parece estar em movimento. A luz mesmo sombria é viva e é através dela que toda atmosfera silenciosa e introspectiva se manifesta e se traduz.
Hopper mostra em seus traços o quanto nós podemos ser sós mesmo estando acompanhados, o quanto precisamos do silencio, o quanto a reflexão é importante e até inerente a humanidade. Hoje nossos olhos estão sempre fitados no horizonte, porém esse horizonte muitas vezes é a tela de um computador, o outro não está mais ao nosso lado fisicamente, como nos quadros de Hopper, mas sim virtualmente e mesmo através da comunicação digital percebemos no fim que estamos sós e num silêncio constante em busca de nosso eu, ou de nossos eu’s.
 Que os horizontes se tornem mais reais, que a nossa sombra reflita mais paz e que os nossos olhos enxerguem mais e mais. Após um traço,um lapso, um laço Hoppiano transformei-me num oceano de paz!



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