A primeira vez que olhei para um desenho de Edward Hopper
lembro-me do quanto aquela imagem me surpreendeu. Traços quase precisos, luzes um tanto reais, sombras que falam, olhares perdidos denunciando a mais densa solidão. O quadro ficava exposto no corredor
da casa de minha tia. Eu passava por ele e ficava encantada, pensando o quanto
aquele quadro falava. Ela havia me explicado as características do artista e
sempre que eu me deparava com as obras de Hopper logo me lembrava daquele primeiro
contato. Recentemente a vi ilustrando luminárias que estão a venda na loja de decoração Home Design. De imediato, não lembrava o nome de Hopper, mas
lembrava das sensações deixadas por suas obras em minha memoria.
Hopper ilustra de forma precisa a solidão e estagnação
humana perante a vida. Seu traços são impactantes. O ser humano e a solidão
estão presentes e vivos em quase todas
as suas pinturas. Ao depararmos com essas imagens percebemos um silêncio e um vazio perturbador,
a falta de comunicação entre os seres, a cidade imóvel, ora um olhar perdido e
congelado em direção ao horizonte, ora as pessoas aparecem fazendo ações cotidianas,
mas afogadas em si mesmas.
A luz presente nos traços de Hopper ultrapassa a fotografia e traduz a realidade. As sombras, as fumaças,
as ondas do mar, os reflexos das lâmpadas, as nuvens, tudo isso parece estar em
movimento. A luz mesmo sombria é viva e é através dela que toda atmosfera
silenciosa e introspectiva se manifesta e se traduz.
Hopper mostra em seus traços o quanto nós
podemos ser sós mesmo estando acompanhados, o quanto precisamos do silencio, o
quanto a reflexão é importante e até inerente a humanidade. Hoje nossos olhos estão
sempre fitados no horizonte, porém esse horizonte muitas vezes é a tela de um
computador, o outro não está mais ao nosso lado fisicamente, como nos quadros de Hopper, mas sim
virtualmente e mesmo através da comunicação digital percebemos no fim que
estamos sós e num silêncio constante em busca de nosso eu, ou de nossos eu’s.
Que os horizontes se tornem mais reais, que a nossa sombra reflita mais paz e que os nossos olhos enxerguem mais e mais. Após um traço,um lapso, um laço Hoppiano transformei-me num oceano de paz!
Que os horizontes se tornem mais reais, que a nossa sombra reflita mais paz e que os nossos olhos enxerguem mais e mais. Após um traço,um lapso, um laço Hoppiano transformei-me num oceano de paz!
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