sábado, 21 de setembro de 2013

Quando a moda faz d'ocê um ser poético.



Desde pequena sou vaidosa. Não desses seres fúteis que passam o dia e as horas pensando em comprar, vestir-se e embelezar-se. Não! Eu borbulhava de vontade de criar e recriar o que eu já possuía. Minha casa sempre foi repleta de tecidos, linhas, fitas, rendas, bordados e claro: costureiras. Minha avó sempre gostou de costurar e cresci rodeada desses aparatos mesmo sem nunca ter pedalado uma maquina de costura. Vivia a jogar as roupas no chão procurando desesperadamente por algo que fosse novo ou que eu pudesse transformar. Essa necessidade não estava apenas ligada a minha vaidade, mas sim a minha inquietude constante de reinventar o “mundo”. O conforto sempre esteve à frente de minhas escolhas diárias. Optava por roupas leves, artesanais, soltas, longas, fluidas. Vivia com as orelhas carregadas de brincos, o pescoço recheado de colares e os pés nunca foram suficientes para armazenar tantos sapatos. Não que eu tivesse muitos, mas os poucos que eu tinha já eram suficientes para adora-los e deseja-los por perto. Nunca me prendi a marca alguma, para mim o mais importante era estar bem num desses aparatos. Podia ser de couro, de plástico, de fita, mas se eu batesse o olho e gostasse já era. Ah, as bolsas, essas eram feitas de tecido por minha mãe, bolsa de couro era luxo e custava uma nota, por isso optava pelas artesanais, fora o charme e a criatividade de expor nos ombros as mais divertidas capangas no colégio. Cresci e me tornei adulta e a paixão pela moda aumentou. Não essa moda comercial, dessas que ditam regras, cores, modelos para que as pessoas saiam todas iguais pelas ruas, parecendo par de jarro. Para mim tudo tinha que ser diferente. Um corte irreverente, um tecido divertido, um detalhe sutil, mas ousado. A surpresa ainda estava por vir, veio a vida e meu deu a honra de trabalhar para Mara Mac Dowell uma das estilistas mais nobres do país. Talvez como sou uma pessoa cheia de paixões o universo decidiu realizar meu sonho de lidar com moda apenas como coadjuvante, afinal não dá para gente realizar todos os sonhos de uma vez. Se eu já tinha paixão por esse universo, depois desse contato eu desbravei minha imaginação. A cada coleção chegavam para mim verdadeiras obras de arte. Peças desenhadas e inspiradas em assuntos ambientais, sociais, literários e etc. Cada uma possuía uma história. Apaixonava-me a cada dia. Ali aprendi que as vestes tem uma simbologia, um ritual, por trás de cada roupa tem uma personalidade, um sentimento, um desejo. A roupa fala, grita, pede socorro, cumprimenta, espanta, encanta, alegra, entristece e até “ressuscita” um ser. Foi lá também que aprendi a conhecer o mundo, a viajar sem ao menos ter saído do lugar. A cada nova adepta a marca lá estava eu disposta a atender e também aprender. Criei relações inimagináveis com pessoas incríveis, inteligentes, fortes, amáveis, humanas. Respirei quatro anos esse ar agradável, perfumado e encantador. Eis o motivo por que exponho minha paixão pela moda nesse blog: a roupa não pelo simples prazer de ter, mas pelo simples prazer de fazer e acontecer. Sigo por aqui carregada de overs, carracos e amapós. Vamos lá!




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