sábado, 21 de setembro de 2013

Quando os sinais falam mais alto e lá do alto encontro um laudo.















































Sempre fui cheia de ideias malucas, sem nexo, outras mais pés no chão! Sempre fui volúvel, intensa e inquieta. Eu já sabia que um dia meu estado volúvel e intenso teriam fim. O pior é que essa certeza do fim me pegou de supetão e me deixou de pernas bambas quando decidi largar tudo e mudar o rumo das coisas. (Assinaria ali, para algumas pessoas, meu atestado de insanidade mental). Passei a duvidar de minhas certezas, comecei a achar respostas para minhas perguntas, às lagrimas foram ganhando espaço e expelindo-se de forma natural, correndo sobre minha face sem que eu as pudesse prendê-las dentro de mim e meus sonhos foram ganhando cores, formatos e vida! Tudo isso não aconteceu assim, como num passe de mágica, levei dias e horas pensando o que seria preciso para realizar todos os desejos enterrados numa casinha de boneca, refém de mim mesma e das circunstâncias em que me meti. Mas, o importante é que eu sabia que só eu poderia tomar o primeiro passo. Nesse meio tempo fui convidada por uma das pessoas mais importantes de minha vida, Marcos Cajaiba, a conhecer o estado de Sergipe. Arrumei as malas, pedi folga no trabalho, e embarquei nessa viagem. Seguimos em frente, ouvindo musica, cantando, conversando, silenciando e vivenciando cada paisagem que encontrávamos no caminho. Não tínhamos roteiro, nem programação. Era tudo muito incerto e sem compromisso. Mal sabíamos onde dormiríamos, só tínhamos certeza de uma coisa, viemos para nos divertir. Chegamos no primeiro itinerário surpresa: São Cristovão. Uma cidade mágica, histórica, repleta de encantos. Apreciamos o museu de Arte sacra, conhecemos as igrejas, o convento, o artesanato, pessoas, paisagens quando de repente surge o primeiro sinal. Era sonoro. Vinha de um lugar muito próximo. Tambores, aplausos, risos, cornetas, zabumbas e vozes. O ensaio do Terno de Reis. Lá estava, em uma casa antiga um grupo de mulheres e alguns homens a ensaiar cantigas carnavalescas e de cantoria popular. Invadimos o local como se fizéssemos parte daquele grupo. Fomos bem recebidos e logo estávamos a bailar e cantar como os outros. Sai de lá inebriada, em êxtase. Viemos para Aracaju ao anoitecer. Encontramos alguns amigos e a noite corria bem, cheia de alegria e animação. Acordamos dispostos a aproveitar cada segundo dessa viagem. Não me recordo como, mas sei que fomos parar em Laranjeiras. Uma cidade linda, calma e silenciosa como uma nata cidade do interior. Igreja por todos os lados, olhávamos para baixo, para cima, para os lados e lá estavam elas a olhar para gente. Aquele silêncio e aquele marasmo foram ficando de lado e preenchidos por pontos distintos e coloridos se aproximando da praça principal. Era dia da festa de Bom Jesus dos Navegantes. Os fieis chegavam lentamente, acomodavam-se nos bancos da praça, outros subiam em direção a uma das igrejas. Surgiu ali, bem a minha frente, pastorinhas, brincantes, palhaço e diversos personagens do Terno de Reis. Parecia brincadeira. Mas, mesmo que fosse, não tinha importância, ela seria de muito bom tom. Me aproximei daquele grupo sem exitar. As perguntas foram surgindo e meu olhar não firmava em nenhum deles, ele estava inquieto e surpreso. Eles logo se soltaram e foram generosamente contando sobre suas funções naqueles trajes. Pousaram para foto, contaram causos, sorriram, cantaram e se alegraram com a nossa presença. Saímos dali encantados e admirados com aquele encontro, ou presente inusitado. Fomos visitar mais um museu, quando me deparei com uma exposição que dizia o seguinte: Alunos do curso de teatro da UFS. Perguntamos a guia e ela logo nos respondeu que se tratava de um trabalho feito pelos estudantes de teatro da universidade federal de Sergipe. Descobri que a padroeira da cidade é Nossa Senhora da Conceição. Descobri ali uma paz e uma direção. Eram muitos sinais, a cidade calma e tranquila, os paralelepípedos no chão, as igrejas, as histórias, o Terno de Reis, a Universidade e ainda por cima o teatro. Estava tudo ali, ao meu dispor. Tinha um monte de perguntas e respostas a minha frente. Só cabia a mim organiza-las, já que estavam bem embaralhadas. Voltei para Salvador chorosa, mas muito chorosa mesmo. Afundei-me no banco do carro e me dispus a viver minha catarse silenciosamente. A rotina não conseguiu apagar de mim a sinestesia daquele lugar, as imagens captadas e o desejo de voltar para aquele ambiente que me fez tão bem. O desejo não era apenas voltar, mas sim voltar e ficar, se instalar e recomeçar. Tomei o primeiro passo e procurei saber do curso de teatro. Tudo foi se encaixando como se meu destino estivesse ali, para ser cumprido. As providencias eram divinas. Sem pestanejar, deixei tudo para trás, carreguei minhas dores, minhas cores, meus amores e vim para cá. Precisava abrir os braços e acatar tudo o que estava surgindo. Chorei, sorri, cantei, trabalhei, andei, procurei, desencontrei, abri mão, recuperei, desabafei e recomecei. Agora só me resta esperar e ver no que isso vai dar!!! 
















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