domingo, 29 de setembro de 2013

Minha trupe de sentimentos sobre a arte circense!

Outro dia uma amiga me perguntou o que eu sabia sobre os palhaços. Eu prontamente respondi: Odeio palhaços! Ela se assustou e ao mesmo tempo me perguntou o que eu sabia sobre eles, eu respondi que nada, que não era um assunto que me instigava e que nunca me interessei em pesquisar. Ela quis saber como eu formada em teatro não sabia nada a respeito desse gênero, logo me senti envergonhada e também preconceituosa, afinal o artista, mesmo que não goste de algo, deve sim obter informações a respeito de determinados assuntos, pois quem sabe um dia podemos precisar desse acervo memorial para algo efetivo. Enfim! Conversamos a respeito dos “caras pintadas” e nesse mesmo instante lembrei-me de um espetáculo que me chamou muita atenção há alguns anos em Salvador e o que eu havia escrito a respeito, o nome é O Sapato do Meu Tio.   O espetáculo trás em cena dois palhaços, o tio e o sobrinho. O tio ensina para ele sobre a arte circense. Ambos vivem na miséria, embora o tio ostente orgulho por um passado de fama e glória, do qual só restam os velhos cartazes. Os dois vivem como nômades, viajando de cidade em cidade, apresentando um simples espetáculo. O tio cada vez mais angustiado por não conseguir manter-se e ao sobrinho dignamente com seu trabalho, perde a estabilidade emocional por constatar a decadência de seu desempenho traduzida na diminuição dos aplausos e do publico crescente. No palco os interpretes vivem momentos de angústia, dor, alegria, tristezas, risos e lágrimas.  A linguagem é gestual, acompanhada de sons ininteligíveis. Na maior parte do tempo eles não expressam suas ideias verbalmente e quando o fazem, também não falam qualquer língua conhecida, comunicam-se através da blablação. Artes circenses, pantomima e habilidade como patinar, andar com perna-de-pau, truques de bater e apanhar, entre outros são os recursos utilizados na montagem do espetáculo.  Além dessas descrições visuais sobre o espetáculo eu também expus minhas impressões emocionais: A peça o sapato do meu tio é emocionante, como nunca tinha visto antes. Ela é capaz de nos tocar e nos fazer perceber como as coisas simples também têm sua beleza. O Sapato do meu Tio encanta por sua forma de criação simples e realista. O enredo trata da luta pela sobrevivência de um palhaço e seu sobrinho aprendiz através da arte. Ao ler sobre o que eu havia escrito sobre um espetáculo que traz em cena dois palhaços, lembrei-me de como sai do teatro aquele dia, encantada e maravilhada com o universo do clown, como os palhaços transmitem, sem esforço, suas emoções e como tudo aquilo era real por mais teatral que parecesse. Lembrei também dos palhaços que conheci na infância e do quanto eles eram catastrófico e criaram em mim uma barreira absurda ao ponto de me cegar por anos e anos e deixar de lado uma arte tão bonita de ver. O palhaço nunca mais será visto por mim de canto de olho, sempre estarei disposta a encara-lo frente a frente, permitindo reverenciar sua ingenuidade, fragilidade, lirismo e romantismo. O verdadeiro palhaço é capaz de nos roubar um sorriso, de fazer das nossas lagrimas um rio de emoção, de encher nossos olhos de brilho e colorido e trazer o seu coração expresso no vermelho grudado na ponta do nariz, de vestir-se com farroupilhas divertidas e abundantes e de nos entreter com um simples piscar de olhos, olhos da alma carregados de sensibilidade e amabilidade. Ah, já vi que não foi do nada que expus aqui minha ignorância a respeito do assunto, notei que como artista tenho algo em comum com os palhaços já que eles nunca representam, eles simplesmente são, estão sempre em sua essência e expondo o seu ridículo, por pior que ela seja. Aqui no blog também necessito dessas características, pois estou sempre dando a cara para bater e expondo meu olhar sobre o mundo. Sigo por aqui com minha trupe de sentimentos e um desejo absurdo de apreciar essa arte mais de perto, deixando de lado minha visão grotesca dos verdadeiros artistas circenses!!! 






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